“Esse
é de fato um dos tantos milagres silenciosos que, por todo o Brasil, se repetem
ano após ano, através das manifestações da cultura popular, esta mesma que a
nossa cultura letrada quase sempre desconhece ou despreza, mas que continua
teimosamente a existir, retomando poderosas tradições que são a herança comum
da nossa história” É por isso que, de tempos em tempos, é preciso de novo
voltar a essas raízes, rever nossas origens, tentando reavaliar nossa
identidade, redescobrir o que somos.” (trecho do livro Maracatu de Baque Solto,
1998)
A
diversão de uma festa deve começar já nos seus preparativos. A minha já se
iniciou na própria concepção que construiu nosso sábado, com resistência clara
a um currículo colonizador. A cultura popular é algo precioso pra mim e se a
escola não faz dela o seu lugar de forma consciente e legítima, não sei onde
poderá estar...
É
cultura brincante, colorida, artesanal e muito preciosa em suas cores, danças,
músicas e imagens. Nesse clima fomos chegando, ocupando a sala com brincadeiras,
com sorrisos, com fome e com muita vontade de dar certo. As canções foram
brincadas ao ar livre, crianças ensinando adultos. A comunidade compartilhou o
cheiro e o gosto de seus sabores. A equipe trouxe sua energia e muito trabalho
pra que tudo acontecesse, mesmo sem cestão. Clima de parque, adultos em jogo
(bingo!), afetos compartilhados. Guilherme chega andando na frente da mãe pela
primeira vez na segunda-feira seguinte. Crianças que querem bolinha de sabão e
lanterna. Bolinha de sabão e lanterna? Teria uma “prenda” que combinaria mais
com as propostas lúdicas que vocês tem feito no cotidiano? Arrisco dizer que as
crianças estão refletindo a qualidade de cada educador aqui presente.
Só
temos a agradecer essa construção a muitas mãos. Obrigada a todos e a cada um
por transformarem nossa escola em festa. Um privilégio estar aqui.
Nati