E nós da equipe gestora também declaramos nossas intenções e desejos para o trabalho coletivo em nosso CEI...
São Paulo, agosto de
2019.
Querida equipe,
São muitas as vezes em que nós nascemos. A
palavra ajuda nesses partos. (Inspirado em Severino Antônio)
Mais um semestre se inicia e seguimos juntos,
procurando os melhores caminhos, palavras e ações para avançarmos em um
trabalho tão bonito que vem sendo construído graças às mãos de cada um que
adentra nossos portões. Somos todos(as) educadores(as) e todo dia é dia de
fortalecer nossas crenças, nossas energias, nosso papel diante desse cotidiano
que nos atravessa e até, nos atropela.
Neste ano, estivemos juntos refletindo sobre grandes
transformações na forma de educar, nossa (re)invenção docente, destacada no
capítulo III do “Currículo da Cidade”. Reinventar a forma de planejar, de
registrar, de propor, de mediar e de organizar o espaço, que é nosso segundo ou
terceiro educador. São mudanças de concepção que visam a potência e autonomia
da criança e do bebê, como seres agentes, potentes e sujeitos de sua própria
aprendizagem, corpo e movimento. Criança como sujeito e professor como sujeito.
Sem professores e professoras, o Currículo da Cidade é apenas um papel, letra
morta. Quem garante este protagonismo são vocês, aqui no chão da escola, na
construção individual e coletiva que materializa nosso PPP.
Por falar em PPP, temos revisitado constantemente
esta declaração pública de nossa práxis, para que siga representativa do nosso
cotidiano e alinhada aos documentos da nossa rede. Nosso olhar tem se debruçado
ainda para intenções nele presentes que ainda não se concretizaram, como novas
parcerias com a comunidade, ocupação da rua pelas crianças, reconfiguração de
muros e paredes, “desemparedamento” da infância e visitação de espaços da
cidade. Estamos atentos ainda ao nosso compromisso com a aquisição de materiais
necessários para transformação dos espaços, o exercício primordial da formação
e das decisões democráticas, valorização do Conselho de CEI e permanência das
práticas sociais que já se concretizaram e podem sempre evoluir, como autonomia
no uso do refeitório e banheiro, preparação dos ambientes, dentre outros.
O que torna o trabalho complexo é na verdade, a sua
simplicidade. Trata-se de tornar acessível, mediar e observar. A pesquisa e a
investigação na perspectiva da criança como agente, nem sempre são ações fáceis
de identificar, validar e propiciar, mas já temos uma coletânea de práticas e
registros que demonstram nossa movimentação nesse sentido. Os verbos de ação
mudaram completamente, valorizamos a observação como produção de conhecimento,
como co-criação de obra que diz aos bebês e crianças: -Nós aqui nos
interessamos por vocês, damos importância ao que vocês fazem!”
Vivemos um grande
desafio! Nem sempre temos as respostas e contribuições das famílias como
gostaríamos, ainda não somos profissionais valorizados pelo Município e pela
sociedade como deveríamos e isso pode atrapalhar nosso percurso. Vale lembrar
com afeto: existem 150 gigantes corações em forma de corpo pequeno que tem
vocês como alguém essencial. A primeira reação a qualquer mudança pode ser a
resistência, baseada em experiências anteriores que não deram certo, nos medos
e receios inerentes a todos e até no desânimo. Mas, gostaríamos de reforçar
nossa admiração pelo saber e fazer de cada um, nossa valorização ao processo
criador e criativo e à coragem de mudar, de estarmos sempre em transformação,
como o mundo, como a vida. Nossos encontros formativos buscaram e buscarão experiências
que nos tragam o sentido de cada vivência.
Um menino nasceu
- o mundo tornou a começar.
Guimarães Rosa
Nosso mundo foi sempre escrito de novo. Que
possamos continuar a reescrever nossa história todos os dias.
Com
carinho,
Letícia, Magnólia e Natália.
Ps-
A finalização da leitura desta carta só se concretiza quando estivermos juntos.
Temos encontro marcado para este compartilhar dia 03/09, às 7h ou às 12h. Traga
seu envelope com uma intervenção, uma palavra, imagem, desenho, criação que
represente algo significativo do nosso trabalho coletivo.
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